Coluna Roda Viva, com Cassiano Arruda Câmara, do Novo Jornal
11 de outubro de 2014
Uma mesma eleição pode apresentar muitos resultados, com um grande número de vencedores e também de vencidos. Quem analisar o resultado, do ponto de vista da política de Mossoró, segundo maior eleitorado do Estado, chegará à conclusão de que lá ninguém ganhou mais do que a governadora Rosalba Ciarlini. É só examinar a posição que Rosalba se encontrava antes da eleição e como saiu depois das urnas abertas, atingindo todos os objetivos possíveis.
Do ponto de vista de Mossoró, o acordo secreto de Rosalba com o vice-governador Robinson Faria permitiu que o grupo dela conquistasse 100% dos objetivos possíveis nessa eleição de 2014: 1 – Manteve a cadeira de deputado federal, que o seu grupo tem mantido há mais de vinte anos; 2 – Destroçou o tradicional adversário com a não eleição das primas Sandra Rosado e Larissa Rosado, além de abater no nascedouro a formação de outro grupo liderado por Fafá Rosado.
Nem mesmo quando Rosalba esteve no apogeu de sua carreira política, conquistando mais de 80% dos votos mossoroenses, nas duas últimas eleições, ela havia conseguido impor derrota tão marcante ao principal adversário, que vinha conseguindo manter uma lugar de deputado federal e outro de deputado estadual, ocupando a condição de segunda força política no segundo maior eleitorado do Rio Grande do Norte.
Há de se dizer que Rosalba foi impedida de disputar o Governo do Estado pelo seu próprio partido, fato que permite diferentes interpretações.Mas, existe uma única concordância indiscutível. É saber o que era possível ela conseguir, dentro do conceito de que “política é a arte do possível”. Na condição que se encontrava parecia impossível que conseguisse eleger um deputado federal, sobretudo depois que o cunhado, Betinho Rosado, teve sua candidatura impugnada na última hora, tendo de partir para um Plano B, com a candidatura do filho, Betinho Segundo, lançado contra duas candidatas da família Rosado, Sandra disputando a reeleição e Fafá, que deixou a Prefeitura vitoriosa e muito bem avaliada, partindo para fazer a colheita do que havia plantado.
Sem esquecer que o acordo secreto terminou celebrado com Robinson Faria, que havia proclamado, na largada da campanha, não querer o apoio de Rosalba e tinha alguns dos seus mais influentes aliados pregando a necessidade de impeachmant da governadora. Por esta razão, o acordo não pôde ser divulgado, ficando por debaixo do pano. Mas, como levar os seus efeitos ao povo? Primeiro foi a governadora do Estado abdicar, de público, qualquer participação no pleito. Tendo afirmado que Betinho Rosado falaria por ela, e seu interesse na Eleição era a eleição de Betinho Segundo.
Betinho e Betinho Segundo começaram a falar por Rosalba quando subiram no palanque de Robinson, dispensando a necessidade dela proclamar o seu apoio ao candidato. Solidificado o acordo (que terminou tomando uma cadeira de deputado federal do PT), foi criado um clima que permitiu à governadora do Estado proclamar, em alto e bom som, o seu apoio à candidatura de Fátima Bezerra ao Senado, justificada pela campanha de Wilma de Faria que vinha usando o seu espaço para criticar seu Governo.
Por enquanto não existem evidências da continuidade do acordo secreto que, por ser oculto, dispensa qualquer formalidade, podendo até acabar com o ato eleitoral, já que cada um cumpriu a sua parte no acordo: 1 – Robinson com uma maioria acima de qualquer previsão em Mossoró; 2 – Rosalba com um deputado federal eleito para mexer as pedras do jogo. Em Mossoró, o atual prefeito, Silveira Júnior, é do partido de Robinson, mas Rosalba criou musculatura para retomar a Prefeitura, o que seria impensável se ela não tivesse eleito Betinho Segundo.
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